morrem-me nos ouvidos,
jogadas em curvas, perdidas no eco;
falecem as palavras que lanço no ar,
suprimo, como sempre fiz, as palavras reais que quero transparecer.
Recolho à carapaça e continuo a passar os dedos nas rugas,
montanhas e vales de uns quantos pedaços de vida
que temem magoar por não saber,
a branca ignorância que rema sem parar,
suada e ofegante, quase inebriada de tentar..
para ser sincero a todas as pessoas verbais presentes,
o acérrimo medo que me assola sempre foi,
o lago gelado da trivialidade social..
aquele lado em que não sei participar sem fazer aquela carranca,
de quem olha mas não lê, de quem ouve mas não escuta..
não por opção, ou talvez sim, uma maquinaria sub-consciente que me retira a razão da qual me consigo dotar na maior parte dos momentos..
eu quero construir a ponte e passar para o outro lado,
mas quando a fragilidade da minha sempre presente fobia da mediocridade se torna uma mescla de negação e ignorância,
fico na presença de mim mesmo a pensar no que correu mal,
quando nem sequer sai dos meus pensamentos por um segundo...
talvez um tutor, talvez alguém por ai saiba como navegar por entre as pessoas,
e num dia em que a sorte tenha adormecido na minha porta,
terei a sina trocada e poderei ser teimoso, estúpido, ignorante, e inocente, sem me autoreprimir pelo mesmo.... talvez... até à data, nada tive a não ser areia a voar pelas mãos...
continuo à espera..
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