Porque como todos nós sabemos,
apenas um se assumou para a cozinha;
apenas eu fiquei,
por teimosia e por preceito..
Como Sempre!!talvez uma das expressões que mais odeio usar!
talvez uma daquelas que me reflecte sem mentir..
Mata-me por dentro, isso sim..
E tu? Como me vês?
Na postura descomposta que ficou como sequela,
mas talvez o que nos tráz aqui a este novo local,
não seja a pertinente espera, nem a incessante batalha;
mas sim a construção de algo, pelo qual,
me valha apena abrir os olhos nas manhãs gélidas de mais um abril,
ou mais um rosto sem interesse.
Com os dedos a começar a doer
e com dúvidas em relação ao melhor caminho a tomar,
cômo as caimbras como respiro, para me aventurar a ver a vida que levo,
pelos olhos da velha consciência, que nunca adormecida,
não deixou descansar as olheiras de interrogação
que nas notas suaves desta ventania, rebuliço levantaram.
Hoje, aqui, definitivamente dentro da dúvida, moro de fugida,
de medo, moro de encosto,
sem saber como, nem um certo porquê de querer igualar a tragédia que não vivo,
com as palavras que não escrevo.
Pego nas certezas e descasco-as até à polpa, e nu fico,
no quarto alugado à duvida;
Copo de certezas na mão,
e jornal de há dez anos na outra, para ver as notícias a passarem por mim.
Pouso o papel antigo e bebo de uma vez só;
os medos assumem-me e fico como sempre, como sempre..
Esqueci-me do chá na prateleira,
volvi para o apanhar e voltei para o pensamento.
Com as mãos a tinir escrevo sobre o futuro que não quero ter,
escrevo sobre os cenários que todos os dias se assumem,
como mais difíceis de evitar,
como a tua palma na minha face, ao rubro,
quando com os olhos semicerrados me preparo
para devolver o favor de te levar para onde não queria ir,
de te ter mostrado como realmente sou egoísta,
na presença de outrem.
Todos os dias peço, penso e me banho nas desculpas que te quero dar,
por não ser aquilo que esperavas, nem aquilo que ansiavas,
enquanto te mentia, impune.
A sola está gasta de tanto correr atrás,
e as morais apagadas de tanta chuva e chuvinha de maledicência.
Para te dizer a verdade:
A verdade é que:
Detesto ser real, se tenho que me ser;
odeio selo para ti,
parecendo o miúdo mal comportado que joga o cachorro escadas abaixo;
quase que sinto que não há nada que possa fazer por nenhum deles,
pois a mundana "fisicalidade" do planeta e das pessoas,
remete-me para a impossibilidade, comigo mesmo e para com os outros.
Talvez ai, jaze o problema,
pois assim fico, durante longos períodos de tempo,
neste conto da minha vida, a pensar como seria ter uma,
com alguém com quem acabo de trocar sorrisos.
Patético na indumentária que trago,
para me defender de vocês.
Se há sitio em que é difícil ganhar batalhas,
dentro da minha vida é capaz da impossibilidade ser verbo vigente.
Quando os amigos entram dentro da sala de jantar,
e te destroem as dúvidas com um passar de dedos na água,
esmorece-te os sentidos e falha-te a razão.
Ontem no seu funeral, mantive o decoro
e resolutamente decidi aprender.
Talvez não haja aprendizagem que me façam esquecer
os verbos em gerúndio que definem isto,
mas há sem dúvida vontade de provar o doce fel que poderá ser,
a partilha pela qual aspiro.
Ajuda-me, cultiva-me por favor.
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